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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bonne Nuit Toyo-Misako




Bonne Nuit mon amis! 
  
  Escrevi um monte de coisas e desisti de colocar aqui.Seguindo a tendência contrária, não vou falar de mim de forma mais articulada, por ter clara não a questão sobre o que expor nesse maravilhoso espaço, mas sim sobre o que não pretendo expor de forma pouco cautelosa ou amadorista.Tempus regit actum.Não creio em creative commons, e mesmo que morra no anonimato, já que há pessoas que morrem póstumas,me dou o presente de preservar meus presentes mais clássicos, ou personalíssimos, invioláveis e intransferíveis.Que fique claro, Nietzsche esteve presente, e pra quem conhece é transparente, pra quem não,aí é outra história.Recomendo uma breve passagem ocular.Mas, prossigamos:

Gente, quero falar o Yutaka Taniyama, por incrível que pareça.Surpresos, achando que entendo muito de cultura japonesa?Calma,de acordo com a metodologia clássica e pedagógica,a explicação vem ao final da história, mas prometo começar pelo começo, como dizem.

Bom, é o seguinte,não entro no mérito e deixo em aberto ao entendimento de todos,já que, por si só, a mensagem interna do post é bem abrangente, embora detenha minha assertiva intenção ao citar tal referência.Mas por favor, não é apologia ao suicídio, muito antes disso, é uma reflexão sobre as imensas diferenças culturais e sentimentais de tempos e gentes idas, e os atuais infernos astrais que circundam nosso mundo amoroso-relacional.

Yutaka, ou Toyo  Tanoyama nasceu a 12 de novembro de 1927, em uma pequena cidade chamada Kisai, a 50 km de Tókio.Rapaz tímido, problemático.Teve irmãos e irmãs.Atrasado dois anos nos estudos por conta de uma tuberculose e do início da segunda grande guerra. bom, daqui por diante, peço a devida permissão a Simon Singh pra transcrever, ipisis litteris, alguns trechos do livro que, misteriosamente, encantou minha atenção e interesse (e aqui cabe um agradecimento ao seu verdadeiro dono, desconsiderando o usucapião e sua autorização, após quase 10 anos, pra que fique comigo de fato, e de direito.Casé,obrigado pelo presente outorgado!).O Último Teorema de Fermat, o grande enigma da matemática que confundiu as maiores mentes da humanidade por meros 358 anos, no que segue:

(...) Taniyama era despreocupado a ponto de ser preguiçoso.Surpreendentemente essa era uma característica que Shimura-falarei sobre Goro Shimura, seu grande amigo e parceiro profissional, em momento posterior- admirava: - Ele tinha uma capacidade especial de cometer muitos erros, a maioria deles na direção certa.Eu o invejava por isso e tentei imitá-lo em vão, mas descobri que ERA MUITO DIFÍCIL COMETER BONS ERROS.(grifo meu)

(...) - Taniyama era o exemplo perfeito do gênio distraído e isso se refletia em sua aparência.Ele era incapaz de dar um laço decente e assim,no lugar de ficar amarrando os sapatos dezenas de vezes por dia, ele os deixava com os cordões soltos, desamarrados.Usava sempre o mesmo terno verde, peculiar, que tinha um estranho brilho metálico.Era feito de um tecido tão vagabundo que fora rejeitado por outros membros de sua família.

(...) - Quando se encontraram em 1954, Taniyama e Shimura estavam no começo de suas carreiras como matemáticos.A tradição mandava, e ainda manda, que os jovens pesquisadores sejam colocados sob a tutela de um professor que guiaria suas mentes inexperientes.Mas Taniyama e Shimura rejeitaram esse tipo de  aprendizado...Perceberam que o único caminho à frente seria o de ensinarem a si mesmos.

Faço uma pausa: Yutaka e Shimura foram os responsáveis pela criação da então inovadora Conjectura Taniyama-Shimura, que não cabe ser apresentada aqui, por razões diversas, mas foi fundamental no desenvolvimento das técnicas que levariam Andrew Wiles a provar a veracidade do que propunha o Teorema de Fermat, e isso também é outra história.Entro agora no grande foco DESSE post:

(...) O único aliado de Taniyama era Shimura...A colaboração entre os dois foi interrompida, temporariamente, em 1957, quando Shimura foi convidado a estudar no Instituto de Estudos Avançados de Princeton.Depoois de passar dois anos como professor visitante nos Estados Unidos, ele pretendia voltar a trabalhar com Taniyama, mas isso nunca aconteceu.No dia 17-dia do meu aniversário, mas só o dia,viu?- de novembro de 1958, Yutaka Taniyama cometeu suicídio.

 - Bulletin of the London Mathematical Society - Shimura´s personal tribute to Yutaka:
 
    - Quando fui informado do namoro entre os dois, eu fiquei um pouco surpreso, já que pensara, vagamente, que ela não era seu tipo, mas não tive nenhum pressentimento.Depois me contaram que eles tinham alugado um apartamento, aparentemente melhor, para ser seu novo lar.Saíram juntos e compraram utensílios de cozinha e estavam preparando tudo para o casamento.Tudo parecia tão promissor para eles e os amigos, então a catástrofe os atingiu.
 
    Na manhã de segunda-feira,17 de novembro de 1958, o síndico do apartamento o encontrou morto, com um bilhete deixado na escrivaninha.Fora escrito em três páginas de um caderno que ele usava para seus trabalhos.O primeiro parágrafo dizia:

  Até ontem não tinha a intenção de me matar.Mas muitos notaram ultimamente que eu tenho me sentido cansado, física e mentalmente.Quanto à causa do meu suicídio, eu mesmo não a entendo completamente, mas não é resultado de um incidente em particular ou de uma questão específica.Só posso dizer que estou num estado mental em que perdi a confiança em meu futuro.Podem existir pessoas para quem meu suicídio será uma coisa perturbadora ou de certo modo um golpe.Eu sinceramente espero que este incidente não lance uma sombra negra sobre o futuro desta pessoa.De qualquer modo não posso negar que isto seja uma espécie de traição, mas por favor desculpe o que fiz com meu último ato em meu modo de vida, como sempre, vivi ao meu modo, em toda a minha vida...Eu gostaria de deixar meus discos e vitrola para Misako Susuki desde que ela não fique perturbada por eu deixar isso pra ela.

 Assim, uma das mentes mais brilhantes e arrojadas de nossa época acabou com sua vida por sua própria vontade.Ele tinha completado 31 anos cinco dias antes.

Algumas semanas depois do suicídio, a tragédia aconteceu pela segunda vez.Sua noiva, Misako Susuki, também se matou.Ela teria deixado um bilhete dizendo: - Nós prometemos um ao outro que, não importa aonde fôssemos,nunca nos separaríamos.E agora que ele se foi eu também devo me juntar a ele.

Bom, tenho absoluta certeza da propriedade que o texto traz em si mesmo, dispensando maiores comentários, exegeses ou pretensões hermenêuticas.Quero simplesmente prestar uma homenagem a 3 personagens que, diametralmente opostos a nossa realidade geográfica e cultural, firmaram em meu pensar um marco referencial de beleza, lágrimas, criatividade genial e silenciosa melancolia.A cada um o devido entendimento.Meu foco é bem maior do que parece, e tão óbvio que se esconde atrás de longas curvas.
Posto aqui uma foto de Taniyama, como homenagem,mas resta óbvio que deveria ter também uma de Misako, e fico devendo, desde que seja incisivamente cobrado.
No mais, só pra finalizar a lição que nos traz diversas outras lições, deixo pro final o relato incomum,improvável e inegável de seu íntimo amigo:

 - Ele era sempre gentil com seus colegas, especialmente com os calouros, e se importava realmente com o bem-estar de todos.Era um apoio moral para muitos dos que entraram em contato com ele durante o estudo da matemática, eu inclusive.Provavelmente nunca teve noção do papel que desempenhava.Mas eu sinto sua nobre generosidade mais fortemente agora do que quando ele estava vivo.E no entanto ninguém foi capaz de apoiá-lo quando ele precisava desesperadamente.Refletindo sobre isto eu me sinto tomado pela mais profunda mágoa.


                                                                           Finis.

R!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Briefing da manhã


Good mornig Miami! bom título pra quem não é tão fã de tratamentos convencionais matutinos.Enfim, espero que o dia seja rentável, no melhor sentido não econômico que possa ser.Sono razoável, perfeitamente controlável até o meio dia, e eu garanto.No mais, potencialmente atrasado, mas a noite foi bem agradável, tranquila mesmo, sem trema, obviamente.Dia de muitas possibilidades, mas que dá vontade de largar tudo, mesmo considerando esse desejo só até as 11, e isso carregado de culpa inquietante, ah, isso dá!Mais uns minutinhos, e é isso que acaba com a gente.Mudando de assunto,ainda não postarei imagens, mas prometo escrever novamente, ainda hoje, pra saber se alguma coisa mudou.Quero colocar uma imagem legal, coesa com meu momento e minhas palavras, mas acima de tudo,preciso confessar que os tais botões que deveriam aparacer justamente agora sequer deram as caras, portanto, nada de picture for now.Dié, tá me devendo orientação sobre esse causo.Finalizando, expectativas de estudas muuuuito hoje, retomando o ritmo deixado de lado no final de semana,por conta da terapia do ócio criativo, em busca da paz dos comuns...Mas quero ter tempo pra continuar minhas graciosas leituras do Varandas da Vida e da Casa de Rubem Alves. That´s all,folks... :-)

P.S.: Finally i figure it out. Tá aí, direto do Peru, o nascer do sol.Dié, tá salva dessa vez.


R!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Outlet moment

Dia de estreia, e nada a dizer além de estar um pouco frustrado por não ter sido avisado pela minha mui amiga K sobre a chuva torrencial de mulheres histriônicas na tal festa à fantasia.Tudo bem, acho ridículo sair fantasiado, como se fosse criança de jardim, mas ainda posso mudar de ideia a esse respeito, quem sabe indo a uma festa que realmente faça jus ao nome, e é claro,num contexto no qual não me sinta totalmente anacrônico e descabido em uma fantasia vexatória. Bom,domingo normal, tem futebol, coisa que detesto mais que acordar cedo.Levemente de ressaca, muito embora não beba.Foi a noite de ontem(hoje), e não vou comentar pra não aumentar a raiva da K. É isso, entrei e criei esse espaço pra comentar adequadamente no espaço de um amigo paulista,o Dié.Muito show o blog dele,bem elaborado e uma verdadeira lição de vida.Fala com propriedade, sinceridade e magistralmente consegue conciliar um assunto de tamanho peso com uma linguagem por vezes cômica.É reflexivo sem ser denso,prolixo.Mea culpa, to criticando meu próprio caminho textual,mas tudo bem.Que posso fazer se não consigo parar na primeira linha e, pretendendo dar apenas um oi pra ninguém e estrear essa insondável ferramenta, me perco em verborragias e
esqueço que já passou da hora de, na nova linguagem, postar minha mensagem do dia?
É isso, então...Aguardando como observador por trás do observador, praticando o poder do agora, conseguindo meditar vistualmente, eu penso! Grande abraço a todos, ou a quem quer que seja...

R!