| | O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol. |
- Queria começar de novo,acho que desse jeito não está legal...!Algo que identifique traços comuns com a vida humana tão pouco criativa sobre a Terra?Hoje eu não quero fazer perguntas, tampouco deixar respostas absolutas, só fazer o que há de mais prazeroso e obrigatório aos espíritos inquietos: Escrever!
Queria não precisar, mas há um mundo imenso dentro desse pequeno mundo que vos fala, e há tão pouca gente a compreender tanta coisa complicada, que parece só acontecer comigo...Nossa!Tanta gente ouve isso todos os dias em qualquer esquina.Essa história toda de amores e paixões, de sorrisos largos e lágrimas ocultas num travesseiro macio.É gostoso chorar no gelinho do ar-condicionado, é agradável afago da mão que não existe naquele momento.Mas há quem chore no calor do quarto escuro, e tudo bem!É bom também sabermos que há verdade e validade naquele suplício quase voluntário.
Quantas vezes será que a gente pode errar?Não sei, mas sei que não pretendo mais errar de novo, e como sei que é mentira do meu ego sabotador, pra inflar de esperança muita e cura emocional pouca esse infante errante das lides emocionais, prefiro me preocupar com quantas vezes eu ainda poderei deixar de acertar até que a vida me ensine verdadeiramente a ser feliz.Sim, tenho medo de errar; e mais ainda do dia em que não mais me permitirem cometer erros.Há pecado nisso?Penso que sim.No mínimo, o castigo da ignorância, da criatividade mínima.Até pra errarmos precisamos fazer da mesma maneira que tanta gente vem fazendo há milênios?
Essa tristeza tem sabor de passado, mas a lembrança eu não jogo fora.Seria covardia com os melhores momentos; seria injustiça com a melhor forma de sinceridade diante daquilo que vivemos em verdade,em alegrias e presentes da vida.
É a parte mais dura dizer adeus, mas sentir saudade é a alegria mais insana e confusa que eu administro sem qualquer receita.Sempre igual, nunca o mesmo passo.Deixo as marcas no caminho,mas a estrada sempre muda e nem assim, ao longo das bússolas emocionais que vou adquirindo, consigo adivinhar a rota dos desertos mundos dos enamorados complexos.É isso, meu mundo é um oásis em meio ao deserto mutável de dunas que me mostram os céus, ora engolem meus sonhos no calor das miragens, no real e concreto dia seguinte.
É incrível depois de tanta tempestade eu dizer que os melhores dias nem sempre foram de sol.Eu também preciso da chuva, ela inebria e descansa minha alma ardida e pesada.Planto minha árvore da vida e o pranto me socorre na hora mais devida.Tudo isso é parte de mim.Não sou perfeito,e estou tão longe da perfeição que me sinto à vontade pra dizer que não mereço as porcarias sem graça, embora quem sabe alguns insultos magoados.Até no ódio eu encontro virtude, até pra dizer que fui o pior que já existiu eu sinto que há um mínimo de engrandecimento,de autoelogio em razão do título.Espero haver também um mínimo de agradecimento, porque não sou somente a metade de mim mesmo(a boa, a que todos querem,a que merecem todos, no mínimo, segundo eles), sou a totalidade de algo que desconheço, mas agradeço por estar em mim.É defeito, é virtude, é tudo o que eu nem gostaria de sentir, na maioria dos dias cinzentos, mas não pretendo a perfeição estando agora triste, estando agora desencantado com toda essa mágoa, toda essa raiva que pensei distantes.Como eu pude pensar tão pequeno, ser tão cego?A verdade, a mentira, o sonho, e até o pior pesadelo, não se iludam: Estão todos ao nosso lado, só depende de como abrimos nossas portas da percepção e tudo pode passar a ser uma verdade íntima.
Por que nem sempre dá certo?Por que perguntar tanto e fazer tão pouco se a receita é, foi e sempre será praticamente a mesma: Fazer aos outros aquilo que gostaríamos que nos fizessem?Simples, quando pensamos que nem mesmo nós sabemos exatamente aquilo que queremos, e muito menos se o que queremos naquele momento, quereremos pela vida inteira, e principalmente se querer algo é, automaticamente, dizer pro universo e seu Criador que esse algo é nossa real felicidade.Quem mentiu pra você ao dizer,ou deixar você acreditar que só por que queremos uma coisa ela nos fará feliz?
Alguém ai encanado com o término do namoro, com a dúvida sobre felicidade eterna, o maravilhoso instante do olhar sincero que antecede o juramento de amor, e, por outro lado, vive em tensa relação com a mulher perfeita da calçada ao lado, imponente, levemente clássica e totalmente indiferente a sua incontestável existência comum?Dúvida cruel.Você investiu tantos anos naquela massa falida, naquela ação que só tende a cair, e você se acha, no fim das contas, o pior sujeito com a melhor justificativa pra continuar um perdedor...Você insiste em achar o elo perdido, porque com você será diferente, e assim tem sido pra outros milhares de milhares de insanos donos da verdade.E todo mundo acaba acabando com alguma relação perfeita e eterna.Dez anos, dez dias, dez segundos.Quem garante o que é melhor,mais intenso, mais verdadeiro?
O presente é o que há, e o resto é pretensão ou frustração.Tudo demora tanto que a gente acaba acostumando com o quotidiano chato, idiota e nauseante.Mas perca pra ver!Ser humano cretino, sente falta até da própria desgraça.E isso de reverter o jogo, quem te ensinou a blefar disse que era melhor que o flerte?
Mentira...Mas mentira por mentira, eu também posso mentir,ou não?Tanto faz, você só quer o meu melhor, e meu melhor tem um preço, mas tudo que é fundamental não vem a custo, exceto o custo de sermos melhores a cada dia.Ao idiota todo preço é cabível e não me escondo em meus verbetes ou licenças poéticas, estou nesse barco falido cheio de furos, rumo ao fundo.E que seja uma viagem profunda, chega de superficialidade. Até pra ser cretino há de ser intenso.
Chega de tanta teoria, a verdade é que o seu amor agora tá amando outro, e você virou passado.Vá ser presente pra outra, mas não seja um presente de grego, tampouco espere ser tão bom quanto ela esperaria.Cada qual que cuide do seu analista e da sua malfadada história pessoal.Alguém disse que eu seria moldura de título da história artística e gloriosa do outro?Mesmo que diga, isso não é problema meu.Não foi esse o compromisso assumido.Muito tempo se passou e agora, ao olhar pra trás, eu me pergunto: O que eu fiz com tantos anos, se não os vejo ao olhar pra trás?Vejo sim o vazio apavorante, a dúvida, a completa estupefação diante do que parecia tudo e agora, é nada!Besteira, todo mundo já disse isso, já disseram tudo o que eu gostaria de ouvir, e não adiantou.Disseram também tanta droga que eu imaginei a felicidade da audição seletiva, mas era inevitável ouvir aquela porcaria, sendo pessimista e masoquista.Só guardo tranqueira no meu quarto, e nisso vê coerência a minha mente patética,daí guarda tranqueira inútil também.
Fotos, ursinhos,perfumes acabados - que agora fedem,por que o cheiro do passado às vezes é cadavérico-, presentes que não servem pro lixo,muito menos pro MEU presente.Cartinhas?Hipocrisia registrada em cartório, autenticada sem custas, sem sustos, mas com imenso e infindo desgosto.Penso que nossos pais deveriam guardar suas cartas de amor, primeiro por que as árvores não mereciam essa morte vã, tola,inútil.Teleologicamente seria profano inutilizar uma árvore em nome de uma carta de amor moderinho.Mas, ainda assim, nossos pais deveriam deixar à mostra, como deixam hoje em dia as revistinhas de sacanagem( e o que é sacanagem de verdade nesse país de hipócritas em demasia e Hipócrates com hemiplegias?).Meu testamento mesmo conterá algumas dessas cartas, só assim deixaremos verdadeiramente um legado útil e sincero a nossos vindouros artífices da vida amorosa que é sempre a mesma lamúria.Se nada der certo, fique rico, beba champagne e contrate uma aprendiz de perfeitinha, a preços razoáveis.Se mesmo assim não for feliz, ao menos terá a ilusão mais perfeita, no menor tempo possível, e mais barata de todos os tempos, o que vai ser o melhor investimento de sua vida em se tratando de controlar o impossível, e ser feliz eternamente...Assim sendo, ao casal que foi: Adeus; ao que virá: Adeus também!No menos, ou no mais, que seja eterno até que a morte, o adultério ou a mesmice pouco compensatória pecuniária e socialmente os separe.
É!Me pergunto se há, verdadeiramente, algo de genuinamente novo debaixo do sol, principalmente quando penso nos dias cinzentos, nos quais até mesmo uma simples estrela parece ser artigo de luxo...Mas continuo crendo ser preciso gerar um caos dentro de si para dar à luz uma estrela bailarina*.
Ecce Homo,
Raoni Costa - R!
* F.Nietzsche - Also Sprach Zarathustra.